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Entrevista com autor de Sociedade de Vidro, Wellington Rogério Viola

Da Inspiração à Criação: Uma Conversa com Wellington Rogério Viola sobre “Sociedades de Vidro”

Em uma imersão fascinante pelo universo literário, o autor Wellington Rogério Viola revela as camadas criativas e inspirações por trás de sua obra ‘Sociedades de Vidro’. 

Esta entrevista exclusiva desvenda como a influência de animes icônicos, mitologias e a complexidade da condição humana se entrelaçam para formar um mosaico de narrativas ricas e personagens profundamente elaborados. 

O autor compartilha sua jornada desde as primeiras faíscas de inspiração até os desafios enfrentados e superados no processo criativo. Assim, mergulhamos nas temáticas centrais da obra, explorando como ‘Sociedades de Vidro’ reflete questões contemporâneas através de um prisma de fantasia e realidade. 

Prepare-se para uma incursão íntima no coração dessa narrativa enigmática e de seu criador, abrindo caminho para um entendimento mais profundo de uma história que promete capturar a imaginação de seus leitores.

1.Qual foi sua inspiração principal para criar o universo de ‘Sociedades de Vidro’, e quais temas você considera centrais na obra?

Minha inspiração principal foi o anime dos Cavaleiros do Zodíaco (CDZ), adaptado do mangá, de 1985, escrito por Masami Kurumada. Esse é o meu desenho favorito desde a infância. Sempre criei histórias paralelas sobre a obra com meus amigos. Mas nada escrito, sempre em forma de brincadeiras. 

Então, sempre tive esse interesse em signos e na temática de deuses contra humanos, em que os seres mortais levavam a melhor, frente a arrogância dos celestiais e a descrença que tinham nas suas próprias criações. 

O fato do personagem principal do Cavaleiros do Zodíaco, Seiya, nunca ficar no chão ao cair para qualquer inimigo, para mim, era o ponto alto do anime, além de toda a mitologia desenvolvida ao longo dos arcos da história. 

Aos quinze anos, comecei a ler muitos livros onde se dividiam a população em casas, facções, distritos, condados, chalés, e isso me fascinava, eu queria criar algo assim. 

Então juntei essa vontade com CDZ, e surgiu essa grande história na minha mente. O tema central da obra é a força que os humanos têm para moldar seu próprio destino, independente de quem imponha o caminho que devam seguir. 

Aliado a isso, abordo a união entre os mais diferentes gêneros, raças e classes sociais para um bem maior, ou seja, algo que realmente vai trazer a mudança para o universo. Mas também, a história expõe o quão são triviais as tramas pessoais que nos cegam para a realidade do mundo. 

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2.Como foi o processo de desenvolvimento do personagem Brenner, e o que ele representa no contexto da história?

Brenner é o primeiro personagem importante a ser apresentado na história, um modelo exemplar de guerreiro aquariano, fazendo parte de um grupo formado em sua colônia, os caçadores de memórias.

Na época que não se tinha tanta informação sobre outras colônias, suas funções eram, a priori, erguer a grande biblioteca da colônia e proteger todo o conhecimento que eles desenvolviam com o passar dos anos. 

Eu coloquei no personagem todas as características de um herói. Ele é forte, astuto, respeitado e dedicado às regras universais. Mas ele começa a questionar sua própria devoção, pela primeira vez, quando uma jovem cruza as fronteiras de Grandária, assim nomeada a colônia de aquário.

O Protagonista se apaixona por ela logo de cara, mesmo sabendo que seria um ato proibido. Dessa maneira, ele introduz os Edificadores (os deuses) e inicia o debate religioso que em muitos casos nos impede de sermos realmente felizes, por conta de discursos de ódio em nome dos deuses. 

O personagem Brenner, com isso, inicia o primeiro “arco” a ser desenvolvido ao decorrer do primeiro livro sobre os mitos e lendas que envolvem esse universo. 

Em sua aparência, assim como todos da raça de aquário, destaca-se as orelhas pontudas, como as de elfo, sendo uma referência sutil ao elmo da armadura de ouro de aquário. Além disso, vemos sua afinidade com Dégel, o cavaleiro de aquário do anime CDZ Saint Seiya: The Lost Canvas, feito por Shiori Teshirogi.

 3.Houve autores ou obras específicas que influenciaram a escrita de ‘Sociedades de Vidro’?

Sim, Masami Kurumada, Rick Riordan, Cassandra Clare, Suzanne Collins, Veronica Roth e J.K. Rowling, foram minhas inspirações. 

As formas de escrita desses autores e autoras me guiaram para que eu encontrasse a minha maneira de contar esta história de forma clara e fluida.

 4.Por que você escolheu a constelação do zodíaco como pano de fundo para a história, e como isso se reflete na narrativa?

O círculo do zodíaco representa cada um dos doze personagens principais, um de cada colônia que tem a narrativa distribuída entre os três livros que vão contar esta história. 

Em “Sociedades de Vidro”, inicia-se a narrativa com os quatro primeiros signos, sendo eles: Aquário, Sagitário, Escorpião e Virgem, revezando entre si o desenvolvimento da trama. 

Seus símbolos podem ser vistos em destaque na capa do livro, e isso foi feito de forma proposital, para direcionar o leitor indiretamente. 

Com as sequências vamos ver uma evolução visual neste círculo zodiacal, trazendo uma tensão cada vez mais intensa, à medida que se aproxima o fim da batalha. 

5.Pode nos contar sobre o processo de construção do mundo em ‘Sociedades de Vidro’, especialmente a cidade de Grandária?

Eu quis trazer a temática da origem da vida no meu ponto de vista. Assim, tudo começa com o encontro do Caos e da Ordem, entidades cósmicas que explodem em planetas e estrelas pelo universo, colorindo-o com vida. Esse encontro tem como resultado o surgimento dos deuses primordiais. 

Assim, vemos a transformação da Ordem em quatro feras mitológicas interdimensionais. Enquanto isso, o Caos atua sobre o que posteriormente seria a terra dos seres mais próximos dos humanos mostrados na história, desencadeando nas raças que serão reveladas ao longo da narrativa. 

A terra central, onde acontece a trama das colônias, é chamada de Planície Cardeal, pois é um terreno plano e que gira abaixo da dimensão dos deuses. Esse elemento da narrativa é uma brincadeira, uma alusão aos Cardeais que estão sempre em torno do Papa.

O terreno é dividido em doze zonas, que são separadas por um grande deserto infestado de monstros. A ideia dessa barreira é para que as raças não se cruzem nunca. 

Falando especificamente de Grandária, a primeira capital de uma colônia apresentada, ela tem uma arquitetura inicialmente inspirada em uma carta de yu-gi-oh, chamada Cidadela Mágica de Endymion. 

O formato da cidade é circular, com prédios bem estruturados em tons azuis e tetos cônicos. No centro, fica a grande biblioteca, o patrimônio cultural da cidade. Não há pobreza dentro dos muros da cidade e todos têm educação de qualidade. É uma cidade exemplo.

6.Quais foram os maiores desafios que você enfrentou ao escrever este livro?

O primeiro obstáculo foi o tempo para me dedicar à escrita. Quando comecei a redigir, eu trabalhava e estudava, por isso, grande parte do material foi escrito durante as férias.

Assim, passava o ano anotando as ideias para, quando possível, encaixá-las no papel e desenvolver o quebra-cabeças da trama.

O segundo desafio foi conseguir manter uma linha de raciocínio frente a ansiedade de terminar. Saber dosar e conduzir a história sem pressa e de uma forma fluida foi bem difícil.

Para mim, eu tinha o começo e o fim bem sólidos na mente, então chegar no final esperado, por mais que tenha sido difícil, foi bem divertido e prazeroso. 

O que me ajudou bastante foi ter força de vontade e foco, saber usar os momentos de inspiração e conseguir ser crítico na medida certa.

Um ponto importante era não refletir minha vida pessoal naquele momento na história. Minha estratégia, então, foi sempre que estava me sentindo mal, eu dava um tempo da escrita, e quando estava bem, aí sim voltava a escrever.

7.Existe uma mensagem específica ou uma lição que você espera que os leitores tirem de ‘Sociedades de Vidro’? 

Sim. A mensagem principal é olharmos para além do horizonte dos nossos pequenos problemas e conseguir enxergar o macro do universo. 

Ou seja, é importante expandir a mente para o que realmente acontece fora da fronteira entre ciência e religião, e deixar a imaginação superar os limites que acreditamos ter.

8.Em ‘Sociedades de Vidro’, como você equilibra os elementos de fantasia com aspectos da realidade? Existe algum aspecto do mundo real que te inspirou particularmente na criação do universo do livro?

Sim. Eu utilizo dos elementos fantásticos para ilustrar e ser a “capa” de temas como pobreza, discriminação, abuso, abandono e traição. Essas temáticas estão diluídas nas culturas das colônias apresentadas, e abordados pelas histórias paralelas de cada um dos narradores. 

De forma sutil, com alguns pontos mais explícitos ao decorrer da narrativa, traumas, conflitos internos e alegrias são abordadas de forma humana por todos os personagens. 

A tensão crescente de não conseguir evoluir ou deixar para trás angústias e tristezas, são por exemplo, temas trazidos pelo candidato de escorpião, um personagem que também é fruto de uma situação de abuso. 

As colônias têm culturas diferentes, baseadas nas mitologias ao redor do mundo, os costumes, vestes, alimentação são únicos e ao decorrer da trilogia são apresentadas pelo seu respectivo narrador.

9.Como é o seu processo criativo? Você planeja detalhadamente ou prefere deixar a história se desenvolver naturalmente?

Eu posso ser inspirado a qualquer momento, por qualquer cena que eu veja, ou por algo que eu escute. Até mesmo um rabisco que eu desenhe pode ser uma fonte de inspiração.  

Por isso, estou sempre pronto para anotar as ideias para, quem sabe, usar no futuro. A princípio, foi pensado o início e o final, então deixei que os diálogos que surgissem me guiassem para dar continuidade e chegar a grande conclusão da história. 

É legal como isso aconteceu. Eu percebi que a história tinha vida própria, eu não controlava mais os atos dos personagens e suas personalidades, apenas transcrevia tudo o que eles decidissem fazer. Assim, poucas vezes precisei interferir.   

10.Este livro é parte de uma série? Se sim, o que os leitores podem esperar dos próximos volumes?

Minha ideia era criar uma história fantástica nos dias atuais. Porém, para isso, eu me convenci que precisaria explicar o passado e origem dos dons e da divisão dos signos. Então, o que era para ser apenas um livro com essa temática, acabou se tornando uma trilogia do início do meu universo. 

Diante disso, além dos próximos dois livros, podemos esperar mais alguns possíveis projetos explorando esse universo. Ainda sobre a sequência de Sociedades de vidro (Não vou revelar o título ainda), podemos esperar as narrativas dos demais representantes de cada signo. 

Com isso, descobrir seus dons e diferenças e saber como irão interagir em um grupo formado por desconhecidos. Eles vão precisar criar uma sinergia para vencer uma guerra milenar contra os seus criadores. Será que vão conseguir?

Sem dúvidas, vamos conhecer culturas, políticas e religiões. Teremos novos, únicos e incríveis personagens com narrações diferentes e interações importantíssimas para o rumo da história. Espero que os leitores se apaixonem por todos os doze!

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