A estrutura de um livro vai além do seu texto principal, sendo composta por diversas partes. Esses elementos ajudam a complementar a obra e aprofundar o envolvimento do leitor. Alguns dos mais conhecidos, mas também mais mal utilizados, são o prólogo, o epílogo, o posfácio e o prefácio.
Apesar dos nomes semelhantes entre si, esses textos possuem funções e posições completamente distintas em um livro. Justamente por soarem similares, muitos leitores e até mesmo autores os confundem, colocando um no lugar do outro.
Apesar de não serem obrigatórios, elevam o valor de uma obra, permitindo ao leitor um maior entendimento acerca de seus temas, personagens, enredo e contexto. Pensando nessa importância, explicaremos as diferenças entre eles, suas finalidades e onde se encontram na estrutura de um livro.
Continue conosco e aprenda a diferenciá-los!
Prólogo: introduzindo o enredo
O termo prólogo surgiu do grego, prólogos, que significa “escrito preliminar”. Provém da antiguidade, no teatro grego, para dar nome à introdução dos temas que seriam apresentados na peça, ditos por um ator em nome do dramaturgo.
Na literatura, é utilizado para descrever o texto que serve como uma abertura para a história, antes do primeiro capítulo propriamente dito. É uma introdução ao tema, mundo, personagens e trama do livro, já inserindo o leitor na história, mas fora do enredo propriamente dito.
Sua maior função é ambientar os leitores, apresentando o tom e perspectiva da obra. Contextualiza o leitor dentro da narrativa, fornecendo informações importantes para o entendimento da história, podendo também apresentar os dilemas, assuntos e reflexões que serão abordados na trama.
Como o primeiro ponto de contato com a história do livro, tem também o objetivo de ser envolvente, capturando a atenção e curiosidade do leitor. Em gêneros de suspense, por exemplo, o prólogo pode ser a cena do assassinato que será investigado no decorrer da história, incitando os leitores a descobrirem o que aconteceu.
Pode conter uma cena que se passa antes da história começar de fato, um acontecimento paralelo à trama ou até mesmo algo que irá acontecer no decorrer da história. Não tem mínimo ou máximo de páginas, mas na maioria das vezes é breve e escrito pelo próprio autor.
Muitas vezes, há uma mudança entre o narrador desse texto e do restante do livro. Assim, também expande as perspectivas do livro, podendo trazer informações que o próprio protagonista desconhece.
Esse elemento dita as expectativas para o livro, tem um vínculo com a história e serve como um ponto de partida interessante para o leitor. Quando bem utilizado, enriquece a experiência de leitura, oferecendo uma introdução envolvente e natural à história que se desenrolará.
Para escrever um bom prólogo, é necessário muito planejamento. É recomendável, inclusive, apenas escrever essa parte do livro depois que todo o resto já estiver finalizado, mesmo que seja uma cena cronologicamente anterior. Assim, a coesão com o restante da história é garantida.
Epílogo: fechando o enredo
Antônimo do prólogo, o termo epílogo também tem origem no teatro grego, significando “conclusão”. Era utilizado para denominar a última fala de um ator ao final da peça, na qual retomava os assuntos abordados e se despedia do público.
Nos livros, denomina o texto que vem após o final da história principal, mas que ainda tem conexão com ela. É um encerramento para a história, oferecendo uma visão adicional sobre o destino dos personagens e as consequências dos eventos narrados.
Tem como função oferecer um desfecho mais completo, saciando a curiosidade de saber o que acontece depois do “felizes para sempre”. Propicia a sensação de resolução, estendendo um pouco mais o tempo do leitor com o livro e fechando a história de um modo mais satisfatório.
Também pode ser usado para amarrar as pontas soltas que ficaram pendentes no decorrer da trama. Assim, a história tem uma conclusão mais redonda, fazendo com que o leitor saia da leitura sem perguntas não respondidas.
Em séries de livros, esse elemento pode ser empregado para inserir um gancho para a próxima obra, plantando curiosidade no leitor. Outro modo de utilizar esse recurso é trazendo reflexões sobre a obra e seus impactos na vida dos personagens, retomando os temas principais do livro.
Esse texto pode conter uma cena que se passa no futuro dos personagens ou ir até mais longe, mostrando seus filhos ou netos. Também é comum haver uma mudança no ponto de vista narrativo, oferecendo uma outra perspectiva sobre a história.
Como o prólogo, não há um mínimo ou máximo de páginas, mas também costuma não se estender muito. O papel desse elemento é ser uma despedida da história, então é importante não enrolar com detalhes desnecessários e deixar que a história se finalize.
Escrever um epílogo eficiente também demanda uma dose de planejamento, principalmente no caso de séries literárias. É preciso saber equilibrar bem para entregar uma conclusão interessante, coerente e ao mesmo tempo satisfatória aos leitores.
Prefácio: apresentação da obra
Muito confundido com o prólogo, o termo prefácio tem origem do latim, sendo a junção das palavras prae (antes) e efatio (dito), significando “antes dito”. Sendo assim, é aquilo que é dito antes da história.
Serve como uma apresentação da obra, removida de sua história ou conteúdo principal. Ele é colocado antes do prólogo na estrutura do livro. Esse elemento não faz parte da narrativa, sendo mais voltado para explicações e reflexões sobre o processo de escrita em si.
Sua função é contextualizar o livro, não sua narrativa. Ou seja, traz informações sobre a criação da obra, as motivações do autor e a relevância do tema abordado. Ele prepara o leitor, esclarecendo intenções e orientando o entendimento da obra.
Serve para inserir o leitor no processo de desenvolvimento da escrita, tornando sua compreensão da obra mais profunda e multifacetada. Em livros clássicos, por exemplo, normalmente há um prefácio que explica o contexto histórico no qual foram escritos, sua importância para a literatura e uma breve biografia do autor.
Caso seja escrito pelo próprio autor, é uma conversa direta com o leitor, uma oportunidade para explicar as inspirações e o porquê do livro. Em obras de não-ficção, como livros acadêmicos e de carreira, é comum utilizar este espaço para apresentar as qualificações e motivações pessoais do autor.
Também pode ser desenvolvido por alguém convidado, como um colega escritor ou um familiar. No caso de livros renomados, pode-se trazer um acadêmico que estudou a obra à fundo para apresentá-la aos novos leitores, trazendo não só informações como curiosidades sobre o livro, seu período de escrita e seu escritor.
Não é um lugar para fazer promessas grandiosas sobre a obra, colocar informações que não agregam à compreensão do leitor ou fazer uma dedicatória. Não há limite de páginas, mas não deve ser cansativo ou maçante.
Um bom prefácio oferece algo de valor aos seus leitores, enriquecendo a compreensão da obra como um todo. Ao explicar o momento, inspirações e ideias iniciais para o livro, também instiga o leitor, que fica curioso para descobrir como tudo isso irá se traduzir para a obra.
Posfácio: considerações finais sobre a obra
Similar ao prefácio, pode ser considerado seu antônimo. O termo também tem origem no latim, sendo a junção das palavras post (depois) e efatio (dito), significando “depois dito”. Dessa maneira, é aquilo que vem após a história.
É uma conclusão para a obra, oferecendo uma análise, retomada, reflexões ou comentários sobre o que foi abordado no decorrer do livro. Na ordem dos elementos, vem depois do epílogo. Portanto, não é uma continuação da história, estando removido do texto principal.
Sua principal função é oferecer uma retrospectiva sobre o livro, discutindo seus impactos, implicações culturais ou até mesmo recepção crítica. Como o prefácio, oferece contexto sobre o livro, trazendo informações que estão fora do âmbito narrativo, sobre processo de escrita, momento histórico e vida do autor.
Diferente do prefácio, porém, o posfácio pode abordar a fundo algumas escolhas narrativas, discutir o final com mais abertura e esclarecer qualquer questão sobre o desenvolvimento da obra. É uma oportunidade para refletir e retomar a narrativa, ao invés de apresentá-la.
Em livros clássicos, é comum trazer especialistas para falar sobre o impacto da obra na época que foi lançada e suas influências na literatura atual. Com essas informações, o leitor se despede da leitura com uma compreensão mais aprofundada sobre seu contexto histórico e cultural.
Também pode ser o momento para o autor escancarar seu processo de escrita para o leitor, trazendo rascunhos, versões cortadas e finais alternativos. Assim, oferece informações relevantes sobre a construção da obra e a perspectiva do próprio autor sobre sua criação.
Não há nenhum limite de páginas, mas não deve ser muito extenso, cansativo ou maçante. Afinal, o conteúdo principal já acabou, essas são informações extras que devem ser interessantes ou necessárias para o entendimento da obra.
Um posfácio eficaz fornece uma compreensão aprofundada sobre a obra e seu desenvolvimento para o leitor, balanceando informação e interesse. Quando bem realizado, faz com que o livro se torne mais tridimensional, inserindo-o em um contexto e concluindo a obra satisfatoriamente.
Como você pode ver, cada elemento do livro tem sua importância e função. Apesar de não serem obrigatórios para a construção de um livro, podem agregar muito à obra, fazendo com que o leitor se envolva mais com a leitura.
Esperamos que, a partir desse conteúdo, as diferenças entre prólogo, epílogo, prefácio e posfácio tenham se tornado mais evidentes para você. Com esse conhecimento, você tem mais ferramentas para desenvolver esses elementos em seu próprio livro!
Quando terminar de lapidar esses elementos em seu livro, não deixe de nos enviar seu original finalizado. Assim que recebermos seu material, mandaremos uma avaliação editorial gratuita e uma proposta de publicação personalizada para você e sua obra.
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