A ficção rodeia nossas vidas. Estamos cercados de narrativas fictícias, desde séries na televisão de casa, filmes em cartazes nos outdoors e até mesmo dentro de nossa própria mente. Afinal, não imaginamos cenários e situações constantemente?
No mundo da literatura, autores se munem dessa imaginação e a transformam em obras envolventes, expressivas e cativantes. Por conta da amplitude do termo, porém, é fácil trocar gênero por subgênero e ignorar essa categoria por completo.
Pensando nisso, neste artigo guiaremos você pelo mundo da ficção na literatura, abordando o significado, origens, exemplos e diferenças entre a narrativa ficcional e a de não ficção. Fique com a gente e saiba mais sobre esse gênero!
O que é ficção e qual sua importância para a literatura?
O que é ficção?
Ficção é um termo utilizado para definir todas aquelas narrativas que são inventadas, ou seja, criadas a partir da imaginação humana. Tem origem da palavra em latim “fictione”, que significa “ação de modelar”, “criação”.
A ficção permite explorar mundos, personagens e histórias completamente inventadas. Pode ser encontrada em várias formas, incluindo romances, contos, novelas, poesias, peças de teatro, filmes e até mesmo em músicas e pinturas.
Tem raízes profundas na história da humanidade, remontando aos tempos antigos. As primeiras formas dessas narrativas foram difundidas através da oralidade, sendo ainda mais antigas do que a própria literatura.
Com o surgimento da escrita, a ficção literária vem logo atrás. Algumas das histórias literárias mais antigas datam de milênios antes de Cristo. Para se ter uma ideia, A Epopeia de Gilgamesh, uma história fictícia sobre um antigo rei buscando imortalidade, foi escrita em meados de 2000 a.C.
Esses relatos serviam não apenas para entretenimento, mas também como meio de preservar a cultura, ensinar lições de moral e explicar fenômenos naturais. Os mitos gregos, por exemplo, surgiram para explicar o movimento do sol, formação de tempestades e outras forças da natureza.
São muitas as funções da ficção na vida humana: entretenimento, identificação, reflexão, escape, idealização, ensinamento, crítica, emoção, entre outras. Através do ficcional, é possível representar e refletir sobre a condição humana, o mundo e a sociedade.
Narrativas ficcionais: a ficção na literatura
Apesar de ser mais antiga que a literatura, a ficção tem uma relação muito próxima com a escrita. Além de um simples termo, tornou-se um gênero literário muito variado e amplo, com suas próprias características e história.
O desenvolvimento das narrativas ficcionais como conhecemos hoje começou a tomar forma durante a Idade Média e se consolidou na era moderna. A invenção da imprensa no século XV desempenhou um papel fundamental na sua disseminação.
Na Idade Média, novelas de cavalaria eram a norma, fazendo muito sucesso. Histórias de cavaleiros, feitos épicos, lutas contra dragões e amor cortês dominavam o imaginário popular. Até hoje, ao pensar nessa época, essas são as imagens que vêm à mente.
No século XVII, entretanto, essas novelas começaram a entrar em decadência. Foi satirizando justamente esse tipo de narrativa que Miguel de Cervantes escreveu Dom Quixote de La Mancha, um marco da ficção na literatura.
Considerado o primeiro romance moderno, foi a partir dos moldes de Cervantes que se desenvolveram as narrativas que hoje nos são familiares. Durante os séculos XVII e XVIII, obras como Robinson Crusoé e Pamela também estabeleceram novos padrões para a ficção.
Diferenciaram-se por seu estilo de prosa, personagens complexos, enredos coesos e grande número de páginas. Foram grandes influências para autores como Jane Austen, Charles Dickens e Liev Tolstói, cujas obras exploravam a sociedade, a moralidade e a psicologia humana.
Do século XX até hoje, as narrativas continuaram a evoluir, com a experimentação de novas formas e estilos. Autores como James Joyce, Virginia Woolf e Guimarães Rosa expandiram os limites da narrativa, explorando o fluxo de consciência, o realismo mágico e outros estilos inovadores.
Existem diversos livros de ficção, englobando inúmeros temas e subgêneros. Por encontrar seu limite apenas na própria imaginação de seus autores, oferece possibilidades infinitas para a criação de narrativas.
Quais são os tipos de ficção?
Justamente por esse caráter imaginativo, existem muitos tipos de ficção. Aqui estão alguns dos mais conhecidos e pertinentes na atualidade:
- Investigativo ou policial
- Ficção científica
- Romântico
- Ficção realista
- Fantasia
- Suspense e mistério
- Ficção histórica
- Mitos
- Distopia
- Conto de fadas
Para saber mais sobre esses e outros tipos, acesse nosso artigo dedicado a destrinchar os tipos de ficção na literatura.
Quais são as características de uma obra de ficção?
A principal característica de uma obra de ficção é a presença de algum elemento fictício, ou seja, inventado. Normalmente, configura algum item mágico, personagem com superpoderes ou ambiente fantasioso, mas não se limita a isso.
A diversidade de temas abordados é outro ponto encontrado em narrativas ficcionais. Devido à grande gama de possibilidades, vão de temas universais como o amor e a amizade até situações mais específicas, como as vivências únicas de certos grupos sociais, muitas vezes utilizando elementos imaginados como metáforas para o que acontece na realidade.
Por fim, obras de ficção são conhecidas por fomentar a criatividade através de suas narrativas. Desde obras infantis a grandes épicos fantásticos, são narrativas que estimulam o pensamento e a imaginação através das palavras.
Quais são os elementos de uma narrativa ficcional?
Existem 5 elementos principais em uma narrativa ficcional. São eles:
Enredo
Força motriz da história, é a sequência de acontecimentos que move a narrativa, indo desde a introdução e desenvolvimento até o clímax e a resolução. Muitas vezes, autores se utilizam de estruturas pré-estabelecidas, como a jornada do herói.
Narrador
É a voz que conta a história ao leitor e pode assumir várias formas, influenciando significativamente a perspectiva da narrativa. Existem três tipos de narradores: o narrador onisciente, o narrador observador e o narrador personagem.
Personagens
Os personagens são os agentes da narrativa, que executam ações, enfrentam conflitos e vivenciam a trama. Eles podem ser protagonistas, antagonistas, personagens secundários ou figurantes, cada um desempenhando um papel específico.
Tempo
O tempo na narrativa ficcional refere-se à duração dos eventos descritos. Pode ser cronológico, seguindo uma linearidade, ou psicológico, misturando passado, presente e futuro. Em contos psicológicos, por exemplo, a norma é utilizar o segundo.
Espaço
O espaço, ou cenário, refere-se ao ambiente físico onde a história ocorre. Pode variar de locais realistas a mundos fantasiosos. O espaço não é apenas um pano de fundo, mas um elemento que pode influenciar todos os outros elementos, e ser influenciado por eles.
Diferenças entre ficção e não ficção
A diferenciação entre uma obra de ficção e uma de não ficção pode ser mais complexa do que parece. Alguns gêneros são mais fáceis de apontar como fictícios, como a fantasia e os contos de fadas, mas outros podem parecer um pouco nebulosos.
Afinal, um livro sobre uma estudante normal, sem poderes ou magia, vivendo sua vida pacata em uma cidadezinha do interior é uma ficção? A resposta para essa pergunta é: depende.
O livro é uma biografia ou autobiografia? Se sim, é uma história de não ficção. Agora, se a história tiver alguns elementos reais, mas outros completamente inventados, é uma narrativa ficcional.
Isso porque uma obra desse gênero não precisa ser destacada da realidade, com magia ou criaturas fantásticas, para ser ficcional. Também é possível criar histórias fictícias sobre pessoas comuns, vivendo situações comuns, mas completa ou parcialmente inventadas.
Mesmo que essas histórias possam ser vistas na realidade, não quer dizer que sejam reais. E esse é outro tipo de habilidade: criar histórias fictícias, mas que passam tanta veracidade que parecem obras de não ficção.
- Exemplo de não ficção: O Diário de Anne Frank, livro com entradas de diário escritas pela própria Anne Frank durante o período que passou escondida dos nazistas com a sua família durante a Segunda Guerra Mundial.
- Exemplo de ficção: O Menino do Pijama Listrado, outra obra que aborda o período da Segunda Guerra Mundial, mas não é uma história verdadeira, apenas inserida em um contexto histórico real.
Como podemos ver, a ficção é uma parte inerente da humanidade. Desde histórias contadas oralmente até as que conhecemos hoje, somos moldados por narrativas ficcionais. Além do entretenimento, são um meio de expressão artística, reflexão e representação, entre outras funções.
Esperamos que, a partir dessa leitura, o mundo da ficção tenha se tornado mais claro para você. Quer explorar sua própria imaginação para criar uma história incrível? Confira como escrever um livro de ficção e comece sua jornada pelo mundo da escrita!
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