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Arco Narrativo - Na imagem há um homem desenhando um arco em um quadro branco - Editora Viseu

Arco Narrativo: Como utilizar este recurso para planejar sua história

Arco narrativo não é uma técnica nova, mas sim um conceito que se arrasta ao longo de dois séculos a partir de estudos literários.

Nos séculos anteriores (XIX e XX), a literatura era um dos poucos entretenimentos da sociedade.

Além da arte, a literatura era também fonte de:

  • Publicações científicas,
  • Notícias 
  • Registros históricos
 

Isso fazia as pessoas ficarem ainda mais dependentes dos livros.

Por este motivo, muitos se tornaram críticos e alguns até se consagraram como teóricos do ramo literário, sendo um deles o alemão Gustav Freytag, o qual será o centro do nosso estudo de hoje.

Freytag era um romancista que viveu no século XIX. Em seus estudos das tramas gregas dentre outros clássicos literários, ele criou o arco narrativo.

Para criação deste conceito ele estudou e estabeleceu um padrão de comportamento nos enredos até então publicados.

O tal arco narrativo deu então abertura ao arco de personagem, que também é uma técnica usada para enriquecer o desenvolvimento de personagens.

Índice do Artigo

Entender a estrutura de uma narrativa por meio desta ótica de arcos vai ajudar você a perceber as diferentes partes de um enredo, além de oferecer mais um recurso para planejamento da sua história.

Continue conosco e saiba como transformar o conceito de arco narrativo em um modelo de estruturação do seu enredo.

O que é arco narrativo?

Arco narrativo é a espinha dorsal de uma narrativa, ou seja, é a estruturação sequencial de um enredo levando em consideração as suas fases que, segundo Freytag, se dividem em 5:

  1. Exposição
  2. Ação ascendente
  3. Clímax
  4. Ação descendente
  5. Denouement (Desfecho)
 

A finalidade de um arco é exatamente incentivar a criação física de um desenho (ou diagrama) pelo qual o autor consiga pontuar em forma de arco os pontos de progressão da história.

Por meio desta técnica visível e lúdica, o autor poderá pontuar desde a exposição inicial, passando pelo Clímax (que é o ponto mais alto da história), até o desfecho, que nada mais é do que a conclusão, isto é, o momento em que o arco volta a proporções mais baixas.

A imagem abaixo ilustra o que explicamos acima sobre fazer uso de um desenho real para planejamento da sua história:

Arco Narrativo: na imagem há um exemplo de arco narrativo que consiste em um gráfico de oscilação em forma de arco

Para que serve o arco narrativo?

Por meio da construção do arco narrativo, o autor consegue controlar a oscilação do enredo, de modo criar uma progressão que prenda o leitor.

Sem um arco é possível construir uma narrativa, contudo, a partir de uma estruturação visual, você consegue estabelecer a ordem das cenas, bem como os momentos de clímax.

Tendo uma visão macro do contexto da sua história, você vai perceber se o seu enredo está monótono ou se ele está fluindo de uma forma dinâmica.

Digamos que cada conflito chave da obra seja uma oscilação para cima no seu gráfico, e cada momento estático sem acontecimentos relevantes, seja uma oscilação para baixo.

O desenho final vai fazer você perceber o nível de engajamento que a sua obra sugere ao leitor.

Qual a diferença entre arco narrativo e enredo?

Certamente ambos os conceitos estão ligados, pois um se vale do outro para existir. Enquanto o enredo é a essência da narrativa,  ou seja, é o teor da história que você quer contar, por exemplo:

O enredo do livro Harry Potter da autora J.K Rowlling é sobre um menino bruxo que aprende a arte da magia e luta contra um lendário feiticeiro amaldiçoado.

Já o arco narrativo é:

  1. Harry descobre que seus pais são bruxos (Exposição)
  2. Ele é surpreendido por um elfo que conta toda a verdade (Exposição)
  3. Ele descobre como entrar em Hogwarts, a escola de magia (Exposição) 
  4. O menino luta conhece seus novos amigos (Exposição)
  5. O bruxinho descobre sobre o feiticeiro  (Ascendente)
  6. Harry entra em disputa contra ele (Ascendente – conflito)
  7. Ele salva seus amigos e toda a escola em um combate de vida ou morte (Ascendente – conflito)
  8. Harry luta até o fim, derrota o mal, porém percebe que o feiticeiro fugiu (Clímax – ponto mais alto do conflito)
  9. Harry retorna para a escola vitorioso, porém apreensivo (Descendente)
  10. Harry e seus amigos estão salvos e prontos para a próxima aventura (Desfecho)

Perceba que enumeramos os fatos para que você entenda a ordem crescente com a qual a história se desenvolve.

Do 1 ao 10 neste pequeno exemplo, se você colocá-lo em um papel em forma de desenho, certamente verá um arco onde a oscilação tem seu pico máximo no Clímax (Item 8 da lista acima).

Se ilustrarmos a diferença entre arco narrativo e enredo na imagem de uma montanha russa, é como se o enredo fosse toda a estrutura física do brinquedo, enquanto que o arco narrativo seriam os pontos mais altos e baixos da montanha russa.

Como funciona o arco narrativo?

O estudo sobre arco narrativo serve para entender melhor a estrutura de determinadas narrativas, dando assim insights para que novos autores planejem seus enredos.

É importante lembrar que o arco narrativo não é um recurso obrigatório para autores inciantes, mas sim um apoio para quem deseja estruturar uma narrativa consistente.

Sendo assim, explicamos então como funciona um arco narrativo na perspectiva de seu criador, o romancista alemão anteriormente citado Gustav Freytag.

Freytag dividiu os momentos de uma narrativa em 5 partes para melhor entendermos os enredos. Nas próximas seções iremos estudar sobre cada um.

A Exposição

O momento expositivo no arco narrativo é aquela parte introdutória da obra na qual o autor situa o leitor dentro do contexto da história.

Dentro da fase da exposição, você normalmente encontrará:

  • a construção psicológica dos personagens
  • a construção física dos personagens
  • a descrição do espaço (lugares onde o enredo acontece)
  • a descrição do tempo (época em que a história acontece)
  • exposição introdutória que dá ao leitor uma visão de onde a história pode chegar
 

Esta etapa expositiva é geralmente monótona, pois nem sempre vem acompanhada de grandes conflitos, mas sim apenas cenas criadas para que o leitor comece o engajamento com os personagens.

Dentro do arco, geralmente este é uma parte baixa do gráfico de oscilação.

Ação Ascendente

Após a exposição de personagens, tempo e lugar, os conflitos começam a tomar forma, para que o autor consiga conduzir o leitor até o momento de clímax.

Vamos supor que o clímax de um enredo seja a morte de um dos principais personagens, e a ressurreição do mesmo personagem.

Para chegar a este ponto mais alto, é necessário que enredo apresente:

  • O antagonista (ou vilão)
  • Os motivos que levaram à polarização entre o personagem e o antagonista
  • O conflito que levou o personagem a chegar próximo do antagonista
 

Esta fase é caracterizada por conflitos que fazem a curva do gráfico (arco) subir em direção ao momento do clímax (a batalha, a morte e ressurreição.

Clímax do enredo

Seguindo o mesmo exemplo das seções anteriores, agora é a hora do autor inserir ação, emoção e riqueza de detalhes capazes de fazerem o leitor segurar o livro com tensão.

Clímax se caracteriza por ser o ponto mais alto do enredo. É o momento em que o seu arco atinge o pico, e assim leva o leitor a finalmente acompanhar o resultado de tudo o que foi construído ao longo da obra.

Após isso, o gráfico começa a descer, dando então espaço para a outra etapa.

Ação Descendente

Após o nervosismo gerado pela cena da batalha final entre o bem e o mal, o enredo começa a tomar uma proporção decrescente em relação ao gráfico do arco.

O autor precisa fazer essa transição de uma forma gradativa, preparando as próximas cenas em direção ao desfecho.

Nesta parte descendente, o autor geralmente descreve com detalhes o modo com os personagens reagem após o conflito maior, porém não necessariamente já apresenta os resultados de tal conflito.

Diante de uma narrativa épica comum, por exemplo, a ação descendente seria o pós-guerra, ou seja, aquele momento em que os guerreiros comemoram a vitória e colhem os despojos.

Após isso, o autor parte para a exposição do fim, ou seja, aquilo que Freytag chamava de Denouement (Desfecho)

No gráfico do arco, a ação descendente seria o momento em que a linha desce em direção ao final.

Desfecho

Sem muito segredo, é neste momento em que o autor supre (ou não) a expectativa do leitor em relação à finalização do enredo.

O desfecho é responsável pelo esclarecimento de como o mundo ficará após o conflito principal (clímax). 

No gráfico do arco, o desfecho é o momento em que o gráfico volta à parte mais baixa de sua oscilação.

Conclusão

Nem todos os enredos irão se enquadrar em um molde de arco crescente e decrescente.

É comum haver narrativas que iniciam com grandes conflitos e que possuem diversas cenas de clímax, de modo que o resultado final deste gráfico seria tudo menos um arco.

Isso quer dizer que o planejamento visual da sua história precisa ser fiel a sua criatividade, isto é, você não precisa se apegar ao aspecto do arco para limitar seus momentos de clímax.

Esperamos que com este conteúdo você possa ver sua história como um instrumento de engajamento com seu leitor.

Para isso, o planejamento do seu enredo se torna essencial, pois é nele que você estabelece os pontos altos e baixos que levarão o seu leitor a se encantar pela obra.

Se você está em momento de produção de sua narrativa e pretende publicar um livro, não deixe de acompanhar nossos conteúdos.

O Blog Viseu traz todas as semanas conteúdos novos focados na formação de novos autores e na capacitação de pessoas que sonham em viver da escrita.

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