Se tem uma coisa que gostamos de falar é sobre criatividade, e dentro deste tema, escrita criativa é o nosso foco, afinal, a Viseu é sobre isso:
conectar quem escreve com quem lê.
Você, autor, quem sabe está planejando sua próxima obra, ou quem sabe está até pensando em revisar seu manuscrito original para realizar melhorias no seu enredo.
Ou quem sabe, talvez você seja apenas uma pessoa apaixonada por escrita que gostaria de destravar ainda mais sua criatividade.
Se você se enquadra em qualquer uma dessas realidades, este artigo é perfeito para este momento.
Aqui vamos abordar sobre a Escrita Criativa, seus tipos e quais meios podemos buscar para aguçar nosso senso criativo e assim surpreender as pessoas com nossas histórias.
Sem mais delongas, vamos aos conceitos e enfim a parte prática do assunto.
O que é escrita criativa?
Escrita criativa é todo o tipo de produção que não se atém a padrões métricos, acadêmicos, ou a qualquer tipo de padronização documental.
A criatividade é para a escrita criativa o que a lógica é para a escrita acadêmico científica.
Enquanto a escrita acadêmica, científica ou jornalística se atém a fatos, evidências e objetividade, a escrita criativa tem como matéria-prima o mundo subjetivo, ou seja, o lado psicológico e abstrato das coisas.
Qual a principal característica da escrita criativa?
Se existe uma palavra que possa definir a escrita criativa, seria:
espontaneidade
O que dá forma para a escrita criativa não é o gênero, mas sim a visão de mundo do autor.
Assim como somos pessoas únicas, nossa forma de ver o mundo e, consequentemente, a forma como escrevemos sobre ele é diferente.
Colocar a sua impressão pessoal, suas opiniões mais profundas, sem medo do julgamento do que é certo ou errado, é a principal característica da escrita criativa.
É através da espontaneidade que ela se expressa de uma forma única.
Qual é o oposto da escrita criativa?
O tipo de escrita que se opõe à espontaneidade da escrita criativa é a escrita instrumental.
Este tipo nada mais é do que uma expressão de linguagem lógica, como o próprio nome diz, utilizada como instrumento para informar.
Quando você quer melhorar sua escrita através de um curso para realizar uma redação de um concurso, por exemplo, raramente você iria procurar por um curso de escrita criativa.
Certamente você buscaria conteúdos relacionados ao Português Instrumental.
Os tipos textuais que se enquadram na escrita instrumental são:
- Artigos científicos
- Ensaios
- Monografias
- Papers
- Dissertações
- Teses
- Relatórios
Enfim, todo o tipo de escrita ligada a lógica, e que preza pela norma padrão, está dentro do universo da escrita instrumental.
Quais os tipos de escrita criativa?
A escrita criativa pode estar presente em diferentes gêneros textuais.
Ela pode ou não estar ligada à realidade (fatos reais), porém ela sempre vai fazer uso de insights subjetivos para se expressar.
Vamos a alguns tipos textuais que se valem da espontaneidade da escrita criativa.
Copywriting
Copywriting tem se tornado popular sobretudo no meio publicitário, pois é um tipo de escrita que se apropria de insights criativos para convencer o público leitor a respeito de um tópico.
A escrita do copywriter, popularmente conhecida como Copy, é um conteúdo que utiliza o que chamamos de gatilhos mentais.
Esses gatilhos são técnicas de uso de palavras que causam reatividade (reações) no leitor.
Um exemplo de escrita no estilo de Copy é:
“Acesse agora o grupo limitado de autores que ganharão o curso completo de escrita criativa. Restam 3 vagas, e as inscrições acabam hoje às 23h59.”
Nesta pequena frase, inventamos um anúncio fictício que usa três gatilhos mentais muito comuns no meio comercial:
- Senso de pertencimento: “grupo limitado de autores”, que leva a pessoa a se sentir desconfortável caso não participe, pois vai deixar de estar em um grupo importante.
- Senso de escassez: “Restam três vagas”
- Senso de urgência: “As inscrições acabam hoje”, levando o leitor a ter uma reação responsiva.
A Copy tem o poder de “conduzir o leitor pela mão” e levá-lo a qualquer lugar. Para isso, o escritor pode usar diferentes técnicas, gatilhos mentais, entre outros.
Storytelling
Storytelling, do inglês “Contar Histórias” nada mais é do que a arte de se relacionar com o leitor por meio de uma narrativa, seja ela real ou fictícia, porém com a intenção de conduzir a imaginação do leitor por etapas (começo, meio e fim).
Dentro desta técnica você encontrará todos os gêneros literários narrativos como:
- Romances
- Contos
- Crônicas
- Fábulas
- Ficção
- Biografia ou Autobiografia
Esta técnica também tem sido muito comum na atualidade no ramo dos vídeos (Scripts).
Temos observado o comportamento das pessoas diante das tecnologias, e vemos o quanto a popularização dos vídeos se expandiu no quesito: consumo de conteúdo.
É nesta hora que uma boa técnica de storytelling se faz relevante, pois ela pode ser o fundo de um script que conduz o espectador em um jornada imaginativa.
Uma das tendências de storytelling tem sido as publicidades em rádios, podcasts e outros conteúdos ao vivo, onde o apresentador, ao invés de oferecer um produto de modo direto, ele “conta uma história” para informar sobre a qualidade de um produto, aguçando assim a curiosidade das pessoas.
A exemplo disso, você pode acompanhar dois trechos de uma mesma informação, porém com uso de técnicas diferentes:
Anúncio direto
Compre o fio dental da Marca Fio Resix. Resistência, maciez, e durabilidade. Disponível nas principais farmácias do país.
Anúncio Storytelling
Fala de um radialista:
“Depois do almoço, fui fazer minha rotina de higiene bucal, e adivinha! Tinha acabado o fio dental. Fui à farmácia, mas não tinha as marcas que eu costumo comprar. Comprei um tal de Fio Resix, sem muita fé, mas advinha! Simplesmente o melhor fio dental, não sei como eu não tinha descoberto essa marca antes (…)
Este exemplo apresenta dois conteúdos, porém com técnicas diferentes.
Perceba que o uso da criatividade do Anúncio Storytelling acabou desenvolvendo mais o texto, e ao mesmo tempo, por meio de uma história, levou o leitor a acompanhar a dramatização de um anúncio.
Poesia e Música
Este gênero sempre usou a escrita criativa como fundo para suas produções.
Ao longo das eras, o Gênero Literário Poesia passou por diversas fases.
As pessoas geralmente conhecem a poesia apenas como um texto organizado em versos que apresenta rima.
O que poucos sabem é que em algumas fases da literatura, a poesia levava em consideração algumas métricas e regras, como os sonetos decassilábicos do autor Luiz de Camões (1524-1580), por exemplo:
“Apolo e as nove Musas, descantando com a dourada lira, me influíam na suave harmonia que faziam, quando tomei a pena, começando”
Acima você vê um verso decassilábico heroico, que tem dois pontos de tonicidade (tom mais forte), na sexta sílaba e na décima sílaba.
Poemas (sonetos) desse tipo, precisavam ter uma divisão sonora dividida em 10 partes, para que ao ler o poema, a pessoa conseguisse atribuir um ritmo à declamação.
Mesmo na idade média, o poema precisava de um tom criativo, sempre pensando na declamação.
Contudo, apesar da evolução literária da poesia, ainda hoje utilizamos a criatividade como fonte de inspiração para criação dos versos de uma poesia.
5 insights para exercitar a escrita criativa
Agora que você já conhece as diferentes técnicas utilizadas para a escrita de um texto que conduz o leitor em uma jornada de imaginação, chegou a hora de conhecer alguns de nossos segredos que são capazes de destravar sua criatividade.
Separamos aqui 5 dicas que nada mais são do que atividades práticas para treinar seu senso criativo, melhorando assim a performance da escrita do seu próprio livro. Confira!
1. Inspire-se na escrita criativa de outros autores
Se você quer abrir sua imaginação para explorá-la em um contexto literário, recomendamos que você “consuma” o conteúdo de outros autores.
Procure autores de diferentes gêneros, mesmo aqueles que você não está habituado a ler.
A prática de ler diferentes tipos de histórias e diferentes formas de escrita vai dar a você ideias para sua própria obra.
Não se esqueça de ter sempre em mãos algo para anotar seus insights criativos.
Apenas recomendamos que você não caia na prática de se apropriar da criação de outros autores, ou seja, reproduzir sua escrita sobre o plano criativo de outro autor.
2. Converse com pessoas que você não costuma ter contato
Este é um exercício prático que você pode fazer todos os dias.
O fato de você conhecer novas pessoas vai abrir um grande leque de possibilidades criativas.
Cada pessoa é um universo de pequenas e grandes histórias pessoais com seus desfechos mais inusitados.
Ao conhecer a história de diferentes pessoas, você pode obter insights criativos que podem ser convertidos em histórias pra um livro.
Para escritores do gênero autoajuda, por exemplo, conhecer as opiniões, e histórias de diferentes pessoas pode ser uma mina de ouro, pois a história de alguém pode se tornar inspiradora para outras pessoas.
3. Volte à prática do Diário
Certamente, você que é um autor, já passou por uma fase da vida onde tinha um caderninho com cadeado, os famosos diários.
Lá você escrevia sobre seu dia, sobre seus segredos e pensamentos mais profundos. Ai de quem pegasse a chave escondida, certamente leria os fatos mais ocultos da sua mente.
Agora que você viajou no passado, vamos voltar ao presente e estudar a possibilidade de registrar os acontecimentos do seu dia.
Ter um diário não necessariamente precisa ser uma prática de registrar segredos sensíveis.
Um diário nada mais é do que um arquivo de memórias escrito.
Registrar o seu dia com detalhes vai fazer você lembrar de pequenas coisas que talvez passariam despercebidas caso você não fosse registrá-las.
Ao escrever os fatos que você viveu, procure registrar também os pensamentos e sensações que você teve, assim, sua escrita estará repleta de um conteúdo psicológico, os quais são responsáveis pelo vínculo que o leitor faz com seu livro.
4. Transforme notícias reais em pequenos contos
Para quem é amante de ficção, essa é uma técnica muito bem-vinda para aperfeiçoar a escrita.
Essa prática não tem segredo: basta apenas você se apropriar de uma notícia qualquer e fazer uso dos fatos mencionados no texto para formar um enredo narrativo, onde você dá voz e ação às pessoas mencionadas na matéria.
Lógico que você não vai divulgar, publicar ou compartilhar essas notícias adaptadas, afinal, você poderia estar correndo risco de ser visto como alguém que propaga informações não verdadeiras.
Lembre-se, este é apenas um insight criativo para que você treine sua habilidade de escrita.
A prática que sugerimos aqui é apenas uma forma de você utilizar um acontecimento real para exercitar sua escrita criativa.
5. Trabalhe com paradoxos
Fazer confronto de ideias opostas é o cerne da questão. Ideias paradoxais reúnem elementos que geralmente não estariam em um mesmo contexto.
Digamos que você está escrevendo sobre uma freira, e no seu enredo você desenvolve sua personagem com todas as características estereotipadas de uma freira convencional.
De repente, você adiciona um paradoxo: “a freira puxa uma arma e atira nos sequestradores que fugiam com a madre superiora.”
Perceba que o leitor não espera tal reação de um freira, pois até então você a descreveu a partir de uma ótica comum a todos.
Treine o uso de paradoxos em seus textos. Adicione de modo inusitado um acontecimento que cause espanto ou surpresa no leitor.
Conclusão
Certamente você vai procurar sobre escrita criativa na internet e vai encontrar uma série de conteúdos que tentam explicar o que é e como fazer.
Você poderá encontrar até mesmo cursos, e de fato, encorajamos você a consumir esses conteúdos.
Porém é importante lembrar que a escrita criativa nada mais é do que colocar a suas impressões pessoais e sua imaginação em ação na hora redigir um texto.
Ao realizar exercícios diários, você fará do seu cérebro como um músculo, ou seja, quanto mais você o exercita, mais ele fica forte e resistente.
Se você é um autor que sonha em publicar um livro, seja ele ficcional ou que conte fatos reais, não deixe de utilizar esses insights na sua prática diária de escrita.
Certamente o seu envolvimento com criatividade vai dar respaldo para você criar muitas outras obras, ou até mesmo melhorar o conteúdo do manuscrito original que você já tem.
Esperamos que essas dicas tenham despertado em você a vontade de buscar uma disciplina maior para terminar de uma vez por todas o seu sonhado livro.
Conte conosco para ter mais ideias, e quem sabe até mesmo para revisarmos sua obra. Já pensou se surge uma parceria que nos leve a publicação do seu livro?