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Poema ou poesia? Descubra a diferença!

Qual a diferença entre poema e poesia?

Quando se fala de literatura, existem algumas questões sempre presentes. Uma das maiores entre elas está na poesia, frequentemente confundida com o poema.

A proximidade entre essas palavras causa muitas confusões. Afinal, realmente existe uma diferença entre poema e poesia? Qual é essa diferença, exatamente?

Neste artigo, responderemos essas e outras dúvidas sobre a escrita poética, abordando as diferenças, semelhanças, características, significados e exemplos desses dois termos. Fique com a gente e entenda de uma vez por todas a diferença entre poema e poesia!

Qual a diferença entre poema e poesia?

Poema x poesia

As palavras poema e poesia não são trocadas com tanta frequência sem razão: suas origens e significados são muito próximos entre si. Tanto poema quanto poesia têm origem do grego poiein, que significa fazer, criar.

Apesar disso, já na etimologia temos diferenças: poema vem de poíema, o que se faz, uma criação; já poesia tem raiz em poíesis, que significa a produção, o processo de criar. Hoje em dia, esses termos têm os seguintes significados:

  • Poema: texto literário organizado em versos e estrofes, podendo ou não conter rima e métrica;
  • Poesia: expressão artística que busca provocar sentimentos, englobando palavras, imagens e música.
Diferença entre poema e poesia

Sendo assim, o poema está mais relacionado à estrutura, já a poesia diz mais respeito à essência. Podemos dizer que todo poema contém poesia, mas nem toda poesia toma a forma de um poema.

Agora que você já sabe a diferença entre essas palavras de uma forma mais básica, entenda a fundo as singularidades e características de cada uma dessas categorias a seguir.

O que é poema?

O poema é uma forma de literatura definida por sua estrutura em versos e estrofes, sendo o oposto da prosa. Em sua essência, é uma obra de arte verbal, que utiliza a linguagem de maneira ornamental, rítmica e simbólica.

Normalmente, possuem rima e variam em grau de estruturação, indo de mais livres, como os de Carlos Drummond de Andrade, a mais estruturados, como os de Olavo Bilac. São os poemas que compõem o gênero literário da poesia.

Características do poema

O poema é uma forma de expressão literária bastante diversa. Tanta diversidade não impede, porém, que se apresentem algumas características comuns nesses textos, que o diferenciam como gênero e tipo de escrita:

Versos

Os versos são as linhas do poema, sua unidade básica. São classificados de acordo com seu número de sílabas poéticas, indo desde 1 (monossílabo) a 12 (dodecassílabo ou alexandrino). Versos com mais de 12 sílabas poéticas levam o nome de bárbaros.

Além disso, também variam de acordo com sua estrutura: versos regulares, que são rimados e têm a mesma medida métrica; versos brancos, que têm mesma medida métrica, mas sem rimas; e versos livres, que não possuem métrica ou rima. 

Estrofes

As estrofes são o conjunto de versos. São categorizadas pela quantidade de versos que possuem, indo de um monóstico (1 verso) a uma décima (10 versos). Estrofes com mais de 10 versos são chamadas de irregulares.

Um poema pode conter uma única estrofe ou várias, a depender da estrutura escolhida pelo autor. Também podem ser categorizados de acordo com a métrica dos versos que a compõem, sendo que estrofes simples possuem versos com a mesma medida; estrofes compostas, versos de medidas diferentes; e estrofes livres, versos sem métrica.

Métrica e ritmo

A métrica refere-se à contagem de sílabas poéticas em cada verso, levando em conta mais a fonética do que a gramática. A contagem se dá até a última sílaba tônica de cada verso e, em alguns casos, une vogais em uma só sílaba, como fazemos na fala.

Através da contagem e regragem dessas sílabas poéticas, cria-se cadência e musicalidade consistentes para o texto. Apesar disso, não é um requisito obrigatório, sendo que muitos dos grandes poetas brasileiros não metrificam seus textos, mas conseguem ritmo de outras maneiras.

Rimas

A rima é a repetição de sons semelhantes no final dos versos, criando uma sonoridade harmoniosa, agradável e musical à leitura. Podem ser classificadas entre rimas perfeitas, em que há total correspondência das sílabas e sons; ou imperfeitas, em que apenas sons de vogais ou consoantes são repetidas.

Também variam de acordo com sua organização nas estrofes, como rimas emparelhadas (AABB), rimas alternadas (ABAB) ou rimas cruzadas (ABBA); e ainda pela classe gramatical das palavras, sendo uma rima rica aquela entre palavras de classes gramaticais diferentes, e uma rima pobre aquela entre palavras de mesma classe gramatical. Assim como a métrica, não são obrigatórias.

Figuras de linguagem

O uso de figuras de linguagem é outra característica marcante do poema. As metáforas, metonímias, aliterações, paradoxos, ironias e outras figuras enriquecem o texto poético, dando-lhe múltiplas camadas de significado e beleza.

Elas permitem que o autor vá além do literal das palavras, criando imagens, sensações e emoções mais profundas e complexas. Grande parte do valor estético e lírico dos poemas está nessas figuras.

Exemplos de poema

Existem muitos tipos de poemas, com diferentes estruturas, temas e escolas literárias. Alguns dos mais populares são os poemas de amor, por exemplo, que encantam e apaixonam com seus versos.

Uma dos principais meios de classificação de poemas, entretanto, é sua forma, que pode ser fixa (soneto, haicai, trova, balada etc) ou livre. Confira um exemplo de cada:

Poema de forma fixa

Exemplo de soneto, poema de forma fixa composto por 14 versos divididos em dois quartetos e dois tercetos, de Vinicius de Moraes:

Soneto de separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Poema livre

Exemplo de poema de forma livre, sem estrutura ou métrica rígida, de Carlos Drummond de Andrade:

Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Como escrever um poema?

Você pode seguir 5 passos simples para escrever um poema:

  • Defina seu tema: antes de tudo, escolha um tema sobre o qual escrever
  • Conheça a estrutura: a escrita em versos e estrofes é essencial, por isso, estude estruturas poéticas
  • Utilize figuras de linguagem: use e abuse de figuras como metáfora, aliteração, paradoxo, hipérbole, personificação, entre outras
  • Comece a escrever: se jogue na escrita poética, sem se preocupar de início com a qualidade do texto
  • Releia em voz alta: para perceber melhor ritmo e musicalidade, leia seu texto em voz alta e faça os ajustes necessários

 

Para se aprofundar ainda mais na escrita de versos e estrofes, acesse nosso conteúdo completo sobre como escrever poesia. São 15 dicas detalhadas e práticas para ajudar você a soltar seu poeta interior, confira!

O que é poesia?

Um termo mais amplo, a poesia vai além da literatura, estando presente em todo tipo de arte. Não depende de uma forma escrita ou estruturada e pode ser encontrada em diversas manifestações, como na música, na prosa, na pintura ou em qualquer obra que tenha um toque de criatividade, beleza ou emoção.

Classificada como uma das três atividades humanas por Aristóteles, ao lado da prática (práxis) e da teoria (theoria), a poesia (poiesis) foi definida pelo filósofo como o impulso humano para criar algo a partir da imaginação e dos sentimentos. Está muito ligada à experiência humana, à estética e à capacidade de emocionar.

Características da poesia

A poesia é, por natureza, ampla, diversificada e abrangente. Apesar dessa amplitude, ela possui algumas particularidades que a definem:

Criatividade

A criatividade é a principal força por trás da poesia. Ela permite que o artista vá além do óbvio, inventando novas formas de ver o mundo, expressar sentimentos e pensamentos das mais variadas formas.

A criatividade é o que torna uma obra única e tocante, transformando palavras, sons ou imagens comuns em algo extraordinário. É algo essencial para a poesia, fazendo parte até mesmo da epistemologia da palavra poiesis, que significa processo de criação, criar.

Subjetividade

Toda obra poética, não importa sua forma, está repleta de subjetividade. São janelas para o mundo interior do artista, refletindo suas angústias, desejos, visões e sentimentos. Semelhante à crônica reflexiva, a poesia está sempre ligada a um ponto de vista distinto.

É justamente esse aspecto subjetivo que permite às pessoas reconhecer e se identificar com a arte, encontrando suas próprias experiências e sentimentos ressoados na obra. Também é a subjetividade que permite diversas interpretações de uma mesma peça poética.

Expressividade

Uma das principais características da poesia é sua alta capacidade expressiva. Através da construção de uma obra, seja ela imagética, sonora ou textual, em prosa ou em verso, o artista transmite sentimentos de forma intensa e impactante.

É a partir dessa expressividade que há a conexão, a reflexão e a catarse, promovendo envolvimento e encantamento. Pode carregar consigo uma gama de emoções profundas, indo da alegria ao tédio à tristeza, evocando sentimentos ao expressá-los.

Sensorialidade

Outro ponto importante é a exploração com os sentidos humanos. É através desses sentidos que uma obra é percebida, indo além da visão e da audição: tato, olfato e até mesmo paladar são utilizados nas obras.

Carregam a capacidade de observar, valorizar e utilizar desde as sensações mais simples e sutis até as mais desconhecidas e surpreendentes. A combinação desses sentidos, de uma forma quase sinestésica, é um dos elementos mais marcantes da poesia.

Simbologia

O uso de símbolos, metáforas e representações está sempre presente nas expressões artísticas. Através da simbologia, os significados são expandidos e aprofundados, de acordo com um estilo próprio do artista.

Um simples objeto pode adquirir um significado profundo em uma obra poética, dependendo da maneira como é apresentado. A simbologia permite uma riqueza de interpretações e camadas de sentido, tornando-a uma experiência única para cada leitor.

Exemplos de poesia

Qualquer forma de expressão artística pode ser poética, desde pinturas até esculturas, músicas, filmes, séries etc. Aqui, vamos focar em exemplos textuais, ou seja, da poesia expressa de forma literária.

A poesia na literatura pode ser dividida por sua forma: a prosa, escrita mais extensa, corrida, dividida em frases e parágrafos; e os próprios poemas, escrita mais concisa, fragmentada, dividida em versos e estrofes. Confira um exemplo de cada uma delas:

Poesia em prosa

Um dos maiores exemplos de prosa poética está em Iracema, de José de Alencar. Ele utiliza recursos estilísticos, líricos e metafóricos em sua prosa:

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.

O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.

Poesia em verso

Toda poesia em verso é um poema. Este é um exemplo de poema de forma fixa (soneto) de Olavo Bilac, um dos maiores poetas brasileiros, conhecido como o príncipe dos poetas:

Língua Portuguesa

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”,
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

Como você pode ver, a distinção entre poema e poesia pode parecer sutil, mas é fundamental entender como esses conceitos se relacionam e complementam dentro da literatura. Esperamos que este artigo tenha tirado todas suas dúvidas.

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