Confira a entrevista com Joabe V. Reis, jornalista e autor, que acaba de lançar Flor de Outono, uma obra que mistura fatos reais com ficção.
Nessa conversa exclusiva, ele revela os bastidores do processo criativo, as inspirações que moldaram a narrativa e os desafios de transformar histórias reais em literatura.
Em sua obra, a personagem Crystinna representa um símbolo de renascimento e força diante das adversidades.
Com o livro, o autor convida os leitores a refletirem sobre temas como superação, amor e resiliência. Uma leitura que promete emocionar e inspirar.
1. Como o ambiente em que você cresceu influenciou sua visão de mundo e seu trabalho como escritor?
Joabe V. Reis: Eu nasci e cresci num lar humilde. Meus pais eram agricultores, atualmente eles são aposentados e moram na cidade, mas naquela época era uma vida dura e eu aprendi a trabalhar desde cedo.
Ali na zona rural eu conhecia o mundo através das ondas sonoras do rádio, tudo no mundo era conforme a minha imaginação criava.
A vizinhança cordial nos visitava durante as noites para bater papo, enquanto eu me divertia com as crianças e nossos pais conversavam sobre assuntos de adulto.
Acredito que até hoje aquela época ‘’dourada’’ que foi a minha infância, norteia a forma como vejo o mundo. E ao longo dos anos fui ganhando independência, pude viajar e assim ampliei as asas da minha imaginação, concretizando o sonho de me tornar um autor.
2. Atuando como jornalista desde 2010, como as histórias reais que você reportou moldaram sua abordagem na escrita de ficção?
Joabe V. Reis: Trabalhar como jornalista nos dá a oportunidade de conhecer as mais variadas histórias da vida real, grande parte delas envolvendo tragédia e violência. Reportar os fatos permite agregar um toque de realidade nos momentos de criação de personagens e histórias fictícias.
No caso do livro Flor de Outono, foi exatamente o número de casos alarmantes de estupro de vulnerável registrados na Delegacia de Polícia Civil da minha cidade (no meio da Amazônia) é que me fez relatar a história de uma personagem da vida real, adicionando fatos fictícios na construção do livro.
3. Você lançou seu primeiro livro ainda jovem, enfrentando dificuldades. O que te motivou a continuar escrevendo mesmo sem apoio?
Joabe V. Reis: Desde o início da minha adolescência eu alimentava o sonho de me tornar um grande autor. Eu sempre fui fascinado pelo modo como os grandes autores conseguem criar mundos fabulosos e incríveis nas páginas dos livros.
E esse desejo de também fazer a mesma coisa não me deixou parar diante das inúmeras portas fechadas que eu encontrei.
Sei que não estou nem perto de ser um desses grandes autores, não ainda, mas a vontade de dar orgulho a minha família, principalmente para minha mãe, o desejo de mostrar para as pessoas ao meu redor que sou capaz, isso me mantém motivado.
E é claro a aceitação de muitas pessoas que me incentivam, em especial o acolhimento do setor da educação, que sempre valoriza mais a literatura.
4. Qual foi o maior aprendizado da sua trajetória como escritor independente até agora?
Joabe V. Reis: Persistência, usando a comunicação em sua totalidade máxima possível e não deixar espaço para a timidez, seria um dos principais aprendizados que eu tive.
Mas também saber entender o momento e saber onde entrar, onde estar e com quem caminhar.
5. A história de Crystinna é baseada em eventos reais. Como foi transformar essa história em livro?
Joabe V. Reis: Para mim foi um grande desafio transformar em romance de ficção a história de duas pessoas da vida real as quais não têm ligação uma com a outra. Mas ao ouvir as duas jovens me relatando os fatos verídicos acontecidos em suas vidas, isso foi dando “fôlego”, se é que posso dizer assim, para a minha imaginação.
E acabou que ao construir esse “mundo’’ eu aprendi um pouco mais sobre a vida e senti satisfação em escrever, desejando ajudar o máximo de pessoas possíveis a superar os problemas sobre os quais a história relata.
6. O que o título Flor de Outono representa?
Joabe V. Reis: Flor de Outono representa o desabrochar para a vida única que cada um de nós temos. Representa a raridade. Sendo uma alusão a capacidade humana de superação e renascimento espiritual.
7. Qual é a parte mais desafiadora de escrever sobre temas sensíveis, como abuso e superação?
Joabe V. Reis: Acredito que um dos maiores desafios seja o de retratar através da escrita, acontecimentos tão desagradáveis pelos quais o autor nunca passou, e ter o cuidado de falar com as pessoas sem ferir nem ofender, mesmo que fosse de modo involuntário, sem intenção. E conseguir passar a mensagem e ser entendido.
8. Existe uma mensagem principal que você deseja transmitir com Flor de Outono?
Joabe V. Reis: As famílias devem estar atentas ao comportamento das crianças e adolescentes, algumas atitudes podem ser sinais de alerta sobre algo grave.
Ouvir e dar apoio quando solicitado. A mensagem de que é necessário ficar atento em quem se confia demais sem conhecer o passado. E a mensagem de que os casos de abusos sexuais contra crianças e adolescentes precisam e devem ser denunciados à polícia.
9. Você fala de seu esforço em incentivar a leitura, como você acredita que a Literatura pode contribuir para a vida das pessoas?
Joabe V. Reis: A literatura é fundamental para que as pessoas consigam conquistar a condição de se expressar melhor, de se comunicar, de manter um diálogo cordial e contribui para a manutenção da paz entre as pessoas. A leitura de um bom livro gera mais e melhor conhecimento.
10. Se você pudesse dar um conselho para novos autores, qual seria?
Joabe V. Reis: Acredite no seu potencial. Não desista ao surgir obstáculos. Procure identificar as pessoas que realmente te apoiem e traga-as para perto de si, isso te dará suporte moral e até poderá te ajudar no desenvolvimento da sua carreira.
Fique atento a quem você entrega seus manuscritos para a publicação, a fim de evitar surpresas desagradáveis. E invista na divulgação da sua obra. Não tenha vergonha de oferecê-la para potenciais leitores.