Um bom enredo se torna memorável, mas somente um enredo fenomenal é capaz de se eternizar.
A maior prova disso são os grandes clássicos (obras canônicas) da literatura mundial que temos à nossa disposição.
O que faz esses clássicos literários terem enredos tão impactantes?
Quais são os padrões estéticos tão altos que, mesmo após séculos, ainda permanecem surpreendendo os seus leitores? É exatamente isso que vamos tratar neste artigo
A elaboração de um enredo deve ser bem planejada, e deve expressar o máximo de sentimentos capazes de fazer o leitor se identificar com a obra, mas como fazer isso?
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Pensando nessa pergunta, decidimos abordar aqui em poucos passos como elaborar um enredo para o seu livro.
Mas primeiro, como de costume, vamos “começar do começo”, afinal, todo aprendizado se inicia pelos conceitos e pelos rudimentos do tópico que pretendemos estudar aqui.
O que é enredo?
Enredo é um dos elementos de uma narrativa (obra ficcional). O enredo tem a finalidade de mostrar a essência da história que está sendo contada, ou seja, do que se trata tal história.
Vamos a um exemplo prático. Quando alguém pergunta para você:
“qual o enredo do filme ou livro?”
A pessoa quer saber de uma forma bem simples o que se passa na história contada, isto é, qual é o seu teor principal.
Digamos que você responda:
“o enredo deste livro é sobre uma boneca de pano que mora num sítio cujo nome é Pica-pau amarelo, e na história ela brinca com seus amigos e luta contra uma vilã, Cuca, que é um ser humano com cara de jacaré.”
Você certamente percebeu que o enredo acima é da obra de Monteiro Lobato: O sítio do Pica-pau Amarelo, certo?
Perceba que na explicação do enredo (a essência estrutural da obra), o exemplo mostra algumas características que são:
- Personagem principal (Emília – boneca de pano)
- Espaço (Sítio)
- Coadjuvantes (personagens que colaboram com o enredo)
- Antagonismo (Cuca)
- Conflito (a briga de Emília e seus amigos contra a Vilã)
Veja que um enredo não necessariamente revela o desfecho, mas sim a estrutura da obra em uma visão sintética (resumida).
Como criar um enredo?
Agora que você entendeu o que é enredo, vamos à parte prática do processo criativo: Passo a passo de como criar um enredo.
Nossos anos de experiência com mais de 5 mil autores nos deram propriedade para avaliar obras, revisá-las, aprimorá-las.
A partir disso podemos então entender o que de fato faz um enredo se tornar fenomenal e inesquecível.
Continue lendo e confira as dicas que dividimos em 5 partes.
São 5 pontos principais que você deve observar ao escrever um enredo.
#01: o tema
O tema é um breve conceito sobre o enredo capaz de situar o leitor no foco da narrativa.
Mesmo sem muitos detalhes, ao ler o tema o leitor saberá do que se trata a obra em questão.
Vamos a 3 exemplos de temas de obras famosas que definem a direção dos enredos:
- Bruxaria: três jovens lutam contra um bruxo poderoso enquanto aprendem a arte da magia em um mundo paralelo à realidade (tema de Harry Potter)
- As aventuras de um pirata imortal que viaja os 7 mares com uma tripulação amaldiçoada (Tema de Os piratas do Caribe)
- As experiências incríveis de 3 irmãos que viajam a uma dimensão mágica onde as crianças nunca crescem. (Tema de Peter Pan e a Terra do Nunca)
Nos três exemplos acima você percebe que em poucas palavras você estabelece uma ideia central sobre o que você quer escrever, isto é, o TEMA.
Agora é a sua vez:
Quando você pensa no enredo da obra que você está planejando, como você descreveria isso em duas linhas?
Após escrever isso, saiba que agora seu enredo partirá deste conceito principal, ou seja, este é só o princípio do planejamento de uma obra.
Geralmente, o tema é capaz de situar o leitor na categoria da obra, ou seja:
- romance
- terror
- mistério
- policial investigativo
- fantasia (magia)
- humor
Tendo o tema em mãos, você já pode prosseguir para o próximo elemento do enredo, o qual vamos abordar na próxima seção.
#02: os personagens
Nesta seção, vamos reforçar a importância de planejar com detalhes cada personagem e vamos dar a você um presente muito útil:
UM GUIA SOBRE COMO CONSTRUIR UM PERSONAGEM
O guia acima é completo, pois ajuda você a delimitar detalhes do seu personagem a fim de conhecê-lo por inteiro.
Só assim sua imaginação criará uma persona e então poderá escrever com mais propriedade sobre suas ações, reações, medos, pontos fortes e fracos.
Construir um personagem vai muito além de apenas atribuir um nome a ele(a).
Você precisa traçar um perfil psicológico para que o leitor consiga criar um vínculo com esta persona.
Ao pensar no personagem, seja ele o principal ou não, pergunte a si mesmo:
Qual a característica mais relevante deste personagem (seja ela boa ou ruim)?
- Forte
- Destemido
- Resiliente
- Medroso
- Frio
- Afetuoso
- Raivoso
- Pacífico
- Autoritário
Essas são apenas algumas ideias sobre como iniciar um personagem a partir de um ponto forte de sua personalidade, seja ele bom ou ruim.
Lembre-se sempre, mesmo tendo um ponto forte, um personagem pode facilmente agir de forma totalmente oposta, dependendo das situações vividas.
A partir disso, estabeleça um padrão de reações desse personagem diante das situações, por exemplo:
- Calmo, sabe resolver os conflitos com consciência
- Ansioso, não pensa muito, apenas age por impulso
- Duvidoso, nunca sabe como agir, sempre depende dos outros
- Indeciso, pois sempre toma um caminho, mas se arrepende e logo muda de opinião
- Volátil, decide por impulso, mas vai mudando de opinião conforme o contato com as pessoas
Essas são apenas algumas características de reações que você pode delimitar.
Não se atenha a somente uma, afinal, o seu personagem poderá ter mais de uma característica conforme o desafio que ele enfrentar no enredo.
#03: os conflitos do enredo
Imagine você escrever uma frase, por exemplo:
A flor é bela.
Certamente a simplicidade dessa frase não causa nenhum efeito em quem a lê, pois ela apenas apresenta uma imagem na mente e nada mais.
Vamos adicionar um conflito a esta sentença?
A flor bela murchou na medida em que o troll passava deixando um rastro de fumaça verde que exalava de seu casco.
Ao delimitar uma cena com conflito você deve adicionar detalhes que causam sentimentos responsivos, como:
- desconforto,
- curiosidade,
- indignação
- excitação
Um enredo não necessariamente precisa ter somente um conflito.
Ao longo da narrativa, você pode delimitar diferentes conflitos, apesar de que no fim, todos contribuem para um mesmo desfecho.
Exemplos de conflitos para o planejamento do seu enredo:
- Conflito 01: A personagem perde os pais diante de um rei tirano que mata todos os pais de uma vila deixando as crianças órfãs.
- Conflito 02: A personagem aprende a lutar para e se disfarça de soldado com o objetivo de assassinar o rei.
- Conflito 03: Os soldados a prendem enquanto ela caminhava pelo corredor em direção aos aposentos do rei e a colocam no calabouço para julgamento.
Ao planejar os principais conflitos, automaticamente você vai dando forma a sua obra.
Por meio dos conflitos já vai estabelecendo uma conexão entre os acontecimentos que você quer adicionar ao enredo.
#04: o clímax
Clímax é uma palavra altamente flexível que pode ser utilizada em diversos discursos, porém em todos eles ela possui uma mesma característica: o ponto mais alto.
O clímax tem uma ligação forte com tópico anterior: conflito, isso porque o clímax é uma consequência do conflito.
Na escalada do enredo, clímax é o cume do monte, ou seja, o ponto da obra que detalha o conflito vivido pelo(s) personagem(ns).
Escreva o conflito de modo que seu leitor fixe os olhos na leitura e, se possível, que fique tenso para acompanhar os fatos.
Planejar um enredo pensando no clímax pode ser difícil para pessoas que escrevem sem muita noção de qual direção o personagem tomará.
Contudo, se você não sabe exatamente qual caminho tomar, detalhe em poucas palavras o ponto mais alto que você gostaria de apresentar ao leitor, por exemplo:
O clímax do enredo é: a luta entre o vilão terrível contra o bruxo mais frágil que até então todos subestimaram, achando-o fraco e sem resistência.
#05: o desfecho do enredo
Planejar o desfecho é como apresentar as soluções (resultados) das ações vividas pelos personagens.
Não é muito difícil planejar o desfecho de um enredo quando se trata das diferentes fases do planejamento que vimos até aqui, afinal, até aqui você já:
- estabeleceu um tema
- planejou os personagens
- já fez conexão entre eles a partir dos conflitos
- já levou a história ao clímax
Agora só falta mostrar as soluções da obra e levar o leitor a acompanhar sua visão sobre como os conflitos se resolvem.
Geralmente nesta parte existe um forte laço de identificação entre leitor e escritor.
Isso ocorre, pois diante de todos os conflitos e diferentes situações de Clímax, o próprio leitor gera expectativa sobre o desfecho da história.
Você certamente já leu um livro, ou até mesmo assistiu um filme ou série onde você criou um forte laço com o personagem.
Neste processo, você coloca todas as suas expectativas na esperança de um desfecho positivo, porém no final a tragédia acontece.
Logo o expectador/leitor se decepciona ou quem sabe vibra pela forma com a qual você conduziu as soluções dos conflitos.
Conclusão
Delimitamos aqui os 5 pontos principais que você deve observar ao planejar um enredo.
Procure reler cada ponto, e ao final de cada um, tome nota do seu próprio enredo para que o planejamento seja mais fluido.
É importante lembrar algo:
uma obra não necessariamente precisa terminar bem (de forma positiva).
Isso quem define é você. Agradar o leitor suprindo suas expectativas não é uma regra.
Antes de qualquer coisa, você precisa ser fiel ao seu senso estético de escrita.
Escrever apenas para agradar os olhos dos leitores pode sempre conduzir sua obra a um patamar diferente do que você planejou.
Uma observação sobre seu livro:
a Editora Viseu está aqui para orientar você sobre como publicar um livro.
Não deixe de conferir este conteúdo completo que traz todas informações sobre como publicar com uma editora de livros ou de modo independente.
E, para você, quais aspectos acha que devemos levar em consideração ao planejar o enredo de uma obra?
Você costuma planejar, ou apenas deixa a imaginação fluir?