Um desafio vencido além das 294 páginas do Litania – O Amor não Precisa ser Barroco

Lançamento do livro de poesia Litania

O autor Carlos Francisco Freixo, que completa vinte anos de carreira de escritor em 2024, fala sobre como foi escrever seu décimo livro, LITANIA – O AMOR NÃO PRECISA SER BARROCO, lançado recentemente pela Editora Viseu. Nesta entrevista, o leitor vai mergulhar nas motivações que o fizeram reunir 218 poemas inéditos sobre amor de forma inusitada, positiva e leve.  A conversa abrange ainda as dificuldades do processo criativo, as escolhas temáticas e estilísticas, oferecendo um panorama profundo das reflexões do autor sobre a vida e a própria literatura. Quando começou a concepção do livro LITANIA – O AMOR NÃO PRECISA SER BARROCO? Essa ideia começou ainda com os estudos de todos os períodos literários. E não achava tão bacana, para se falar de amor, ter de passar por sofrimentos, angústias, desesperos.  Tudo isso foca sempre no contraste do desejo de uma sintonia, que é o que se espera quando se encontra uma pessoa para compartilhar os dias.  De modo a ser sempre um apoio seguro e descobertas diárias de uma vida que é presente, sem sofrimentos. A caminhada é constante. E, com a descoberta do amor, poder celebrar diariamente e com entusiasmo o “presente” que se tem. Havia outros poemas, de temas diferentes, ou a temática lírico-amorosa se impôs? Eu gosto muito da poesia social, mas, neste trabalho, o lírico-amoroso se impôs tecendo as horas, dias e meses de uma forma natural.  Durante este período, claro, outras temáticas apareceram, mas prevaleceu neste livro esta temática como essência para ser saboreada, vivenciada como essência para a vida. LITANIA é um livro robusto, com 294 páginas e 218 poemas. Não é raro um escritor produzir essa quantidade sobre um mesmo tema? Deu vontade de desistir, reduzir um pouco? Sim, não me lembro de nenhum livro lírico-amoroso tão extenso como este. Mas foi motivador, principalmente por que foram pintando ideias que traziam e permitiam variações do tema. Por exemplo, no formato das rimas, estrofes, versos livres, eu-lírico feminino, alguns poemas curtos, outros mais longos, a presença de deuses de todas as áreas de conhecimento, e a própria litania deram motivação para que permanecesse nessa linha. Sua experiência pessoal foi espelhada no tema lírico amoroso do livro? De certo modo, a experiência pessoal passa sim, mas como motivação para o escritor. O escritor tem de filtrar a pessoalidade e expor uma visão mais ampla, possível e passível de encontrar no leitor uma identificação. Se ficar apenas na experiência pessoal, acaba soando artificial.  A escrita da poesia é trabalho intenso. Claro, aproveitei todas as possibilidades que me foram aparecendo, desde os temas até a sonoridade, momentos brincantes, momentos sérios, momentos simples e momentos mais profundos. Tudo isso pelo filtro necessário que a literatura exige. O senhor se considera um romântico? Como é sua convivência de escritor/professor com o tema lírico-amoroso? Curiosamente não me considero romântico, mas tenho paixão pela vida, pelo que a vida nos apresenta.  Não poderia reclamar dos desafios que a vida exige porque, diariamente, a superação é o que temos de fazer. E, ao mesmo tempo, temos a responsabilidade com os outros e com a gente mesmo.  Por isso é importante perceber tantos olhares que temos diariamente. E todos esses olhares também passam pela nossa pessoalidade.  Como professor, não me sentiria bem se não conseguisse despertar as emoções, os talentos que cada estudante tem. Não me sentiria bem se não conseguisse transmitir reflexão e, principalmente, esperança em cada um de meus estudantes. Esse número de poemas em um único livro, 218, é natural? Quando saber a hora de parar de escrever para produzir mais um livro? Não é natural rsrsrs, mas aconteceu. Temos o desejo de percorrer todos os dias bebendo dessa poesia que é a vida intensa, abrindo-se a possibilidades. E isso o ano inteiro, mês a mês, dia a dia, hora à hora.  Naturalmente que, em certo momento, temos de encerrar essa sequência, pois novas possibilidades vão aparecer e sugerir outros caminhos.  Com certeza, um poema precisa determinar que não é o ponto final, mas o momento de abrir outras janelas, de escancarar outras portas. Pois a vida é contínua. Somos finitos, mas a vida prossegue. Houve alguma inspiração, de outro escritor, antes da decisão de criar seu décimo livro de poesia? Pergunta difícil de responder, porque tenho uma leitura muito intensa. De certo modo, todos me influenciam, mas tenho no meu momento de escrita ser apenas eu mesmo com todas as leituras, mas filtrando para transmitir a melhor emoção possível com meus versos.  E, além dos clássicos, adoro a leitura de muitos que não fazem parte do cânone e trazem possibilidades muito interessantes. Ainda aqui, tenho de apresentar algo que não digo novo, mas um olhar que precisa ser notado. Como é seu processo criativo? Fui professor de Literatura, de Teoria Literária. Cada período reflete a sociedade da época (suas aspirações, seu jeito de pensar e agir).  Alguns momentos são carregados de esperança; outros são terrivelmente pesados. Mas, em todos, temos de buscar caminhos seguros porque somos elos ligando a geração anterior e a posterior. No meu caso, trabalho de uma forma muito aberta. Alguns temas me permitem brincar, rir, e o texto tem que sair assim, mais leve.  Outros temas pedem mais seriedade, portanto, as palavras precisam ser mais encorpadas, pedem na sua musicalidade expressar esse sentimento – e, no conjunto, apresentar a dinâmica da vida que nos traduz a poesia a cada momento. Momentos leves e tensos vão perfazendo as horas. Houve dificuldades, na hora de escrever? O que foi mais complicado de superar durante o processo criativo? E depois? A poesia exige variedade, novas abordagens, novos ritmos. Está muito próxima da música. Precisamos descobrir a música de cada poema. Corre-se o risco da repetição. Por isso procurava sempre, a cada poema, deixá-lo concluído para evitar os mesmos ritmos ou mesmas abordagens.  Claro que, em certo momento, é preciso rever tudo e ver se tem sentido. Tenho que deixar o escritor de lado e ser o primeiro leitor de mim mesmo. Parece confuso? Não é. Tenho de

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